Tanto em inglês como em português, o verbo tentar pode ser transitivo como intransitivo. No entanto, a frase do túmulo de Bukowski é transitiva, mas sem complemento. Ou seja, o verbo try em don't try precisaria de um complemento, como it, por exemplo. Obviamente, o autor fez isso de propósito, deixou a ideia de não tentar em aberto, não tentar o quê, exatamente? Eis o grande mistério.
Bukowski não era o tipo de pessoa que ficava se preocupando muito com as outras, sua principal preocupação era ter uma máquina de escrever para parir suas ideias. Tendo feito isso, ele se preocuparia em ter uma bebida, cigarros e talvez uma mulher ao seu lado.
Seguidor do lema "os homens mais fortes são os mais solitários", Bukowski não era o tipo de cara que se sujeitaria a ter sangue de barata, com ele, era na base do vai ou racha. Ter muitos amigos ou poucos não fazia a mínima diferença, já que sabia que apesar de tudo, a sua própria companhia era o mais importante.
Voltando à grande questão: não tentar o quê? O que não deve ser tentado? Qual é o limite entre as tentativas e as desistências?
Acredito que quando Bukowski pensou nisso, ele quis dizer algo como "não perca seu tempo com bobagens", ou seja: "nem tente". Com essa ideia em mente, podemos avançar para uma definição do que seria exatamente "bobagem".
Bobagem é tudo o que não faz a mínima falta, mas que por algum motivo, você continua insistindo, mesmo depois de saber do don't try. Por que insistir em mandar mensagens para quem não te dá a mínima, para quem nunca começa uma conversa, para quem só te vê como uma máquina de realizar desejos?
Cortar os laços com quem não faz a mínima falta é dizer não às bobagens, é ser mais forte do que elas, é deixar de ser fraco. Ninguém falou que ser forte seria fácil, mas experimente viver na fraqueza a vida inteira.
Esse é um dos infinitos exemplos de onde um simples don't try pode ser aplicado na vida. Antes de fazer algo, lembre-se de se questionar: "eu quero mesmo fazer isso?", se a resposta for não, você já sabe: don't try.
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