A Pair of Shoes - Van Gogh |
Seria a vida uma mera sequência de desistências sem fim? Seria tudo uma questão de abrir mão do que já não nos pertence e ir em busca de algo novo ou seria uma questão de insistir um pouco mais? Até onde temos que nos abster para tornar a vida suportável? Do que se trata, afinal de contas, a vida?
Os pequenos cansaços que a vida nos traz acontecem ininterruptamente. Sempre estamos cansados, sempre temos algo nos afligindo. São inúmeras tristezas para poucas alegrias, a conta nunca bate, na balança da vida, a tristeza sempre vence. E mesmo assim, vivemos, sobrevivemos, convivemos.
Como todo mundo está, também estou cansado. Cansado, simplesmente cansado. Já há algum tempo que venho adotando uma filosofia de vida que se foca mais em mim e em quem está próximo a mim, deixando as pessoas mais distantes em segundo plano. Não sendo egoísta, mas individualista. Num mundo dominado por modismos e manadas, o indivíduo se encontra em crise.
Por que então acabei optando pela desistência em vez do enfrentamento? Simplesmente porque percebi, como volto a dizer, que a maioria das pessoas não vale a pena. A maioria das pessoas não liga para você, a maioria das pessoas não está nem aí para você. Isso pode parecer chocante à primeira vista, mas se você analisar com atenção, perceberá o sentido. Quantas pessoas realmente se importam contigo? Quantos são aqueles que se mostram realmente interessados em saber como você está?
Vivemos num mundo onde cada vez mais as pessoas estão focadas em si, não que isso seja ruim, mas o problema é sempre o excesso. Quando você se isola das outras pessoas ao ponto de não conseguir se importar nem com as pessoas mais próximas, algo está errado. Isso significa que você perdeu totalmente o senso de realidade, já que o mundo real pressupõe a necessidade de outras pessoas para a sobrevivência individual e coletiva.
Esse texto, nada mais é do que um filtro. Um filtro de cansaço. Uma análise sobre todos os nossos relacionamentos. Aqui, vale aquela pergunta: será que essa pessoa se importa comigo da mesma maneira que eu me importo com ela? Será que vale continuar tentando com alguém que não demonstra o mínimo interesse? Insistir em alguém deixando de lado a si próprio é talvez o maior dos sinais de fraqueza. É o sinal de que você não tem uma personalidade própria, não é o próprio centro, e como não consegue se equilibrar sozinho, acaba fazendo os outros de muleta. As pessoas que não têm coragem de desistir são as mesmas que vivem se apoiando em muletas, porque viver sem essas é perigoso demais e aquelas não estão preparadas para correr tal risco.
Caminhar e não ter pés de barro, conseguir se manter de pé mesmo sem se apoiar em ninguém, é esse o seu papel como indivíduo. Olhar para frente e saber que pouquíssimas coisas valem a pena, e que são essas as coisas pelas quais devemos lutar. Se for para se cansar, se canse de desistir, mas desista. Desista de quem não demostra nenhum interesse e insista em quem te valoriza. Nada é mais frustante do que lutar numa guerra em que você já entra derrotado. Insistências e desistência, eis a vida.
Entendi perfeitamente a sua revolta, a sua dor, o seu descontentamento, a sua aflição. Nessa vida, somos apenas marionetes que lutamos desesperadamente para alcançar a paz, a liberdade e a aceitação. Digo isso, pois querem nos manipular a cada instante, nos direcionar, impor vontades e desestimular a nossa luta e acabar com os nossos desafios e desejos. Somos reféns do egoísmo, da comodidade, do julgamento e da incompreensão. Não querem a nossa independência, a nossa dignidade, querem apenas o nosso desespero, a nossa submissão. Nunca conseguimos agradar por completo, nunca estamos acima da média em relação ao conceito alheio. Mas não importa, não mesmo, somos fruto da nossa capacidade, da nossa formação psicológica, da nossa cognição e da nossa forma de expressão.
ResponderExcluir“O primeiro passo para alcançarmos a felicidade é assumirmos o controle de nossa própria história. De nada vale existirmos sem viver, observar os outros sem olhar para nós mesmos, passar por esse mundo sem tentarmos fazer de nós aquilo que realmente desejamos ser. Quando você aprende sobre si mesmo, já começou a traçar seu caminho por conta própria. É importante seguir nesta jornada, não se esconder, não desistir. Ser feliz não é questão de sorte, é uma decisão que se toma todos os dias”.
Quero ser feliz, por toda a vida e mais seis meses...!