Confesso que hoje não estou escrevendo por vontade, mas por necessidade. Em alguns momentos da vida, o único caminho que se mostra seguro é atravessar o deserto. Com isso, não estou dizendo que devemos nos isolar do mundo, mas sim, que devemos ter momentos para nós mesmos, momentos de solitude.
Estive, por um bom tempo, evitando escrever. Não por falta de necessidade, mas de vontade. E, por mais incrível que pareça, escrevo hoje por nada além de necessidade. É chegada a hora de fazer as coisas que tenho evitado, que, no entanto, melhorariam significantemente a minha existência. Vivemos em um mundo de distrações, não paramos mais para sofrer, não encaramos o sofrimento de frente. Substituímos o crescimento que um período de dificuldade nós traz por meras mensagens (em sua maioria, sem significado nenhum), vídeos e fotos. Sempre compartilhar, nunca refletir.
Recentemente, me vi envolvido com uma menina. Conhecemo-nos no Instagram, fomos para o WhatsApp, até que marcamos e fomos à praia. Embora o dia com ela tenha sido maravilhoso, não houve nenhuma química no nosso beijo, posso dizer que a coisa não encaixou. Logo após o dia do nosso encontro na praia, ela me confessou que não queria sair comigo novamente. Respeitei a sua decisão, mesmo destruído por dentro.
Depois de inúmeras conversas com os meus amigos e de muitas reflexão, percebi que, de fato, seria muito difícil darmos certo a longo prazo. Nossas visões de mundo, sobretudo em termos políticos, eram completamente diferentes. Eu estava disposto a tentar, ela, não.
Chego, enfim, à grande reflexão deste texto: não seja quem você não é para agradar aos outros, é um preço muito caro a se pagar e talvez seja um caminho sem volta. Durante o meu curto relacionamento com essa menina, devo dizer que muitas vezes abri mão de ser quem de fato sou para poder agradá-la. Não estou dizendo que não devemos agradar as pessoas, apenas que, para fazer isso, você não pode perder a sua personalidade pelo caminho.
Nos últimos dias, tenho feito um grande esforço para me reconectar comigo mesmo, com quem sou, com a minha essência. Embora caminhar pelo deserto seja extremamente tortuoso, é recompensador, vale a pena. Não há autoconhecimento sem solitude, refletir sobre a própria vida exige, necessariamente, um afastamento voluntário da multidão.
Ser sincero comigo mesmo tem sido um passo fundamental para conseguir ser também com os outros. Muitas vezes, não falamos a verdade em situações que poderíamos por mero medo ou por achar que seria inconveniente. Esquecemo-nos, entretanto, de que uma mentira, por menor que seja, corrompe o nosso ser. Nada começa grande, as coisas crescem à medida que vamos alimentando-as.
Prestes a completar mais um ano de vida, ganhei um dos maiores presentes que alguém já me deu: senti na pele o perigo de querer agradar a todo mundo e o mau de não ser sincero comigo mesmo. Para poder agradar as pessoas, tenho que me agradar em primeiro lugar. Para poder ser sincero com elas, preciso, antes de tudo, ser sincero comigo mesmo.
Perfeito. Apenas perfeito. Passei por essa situação por anos, até finalmente reconhecer que essa sou eu e que eu devo me amar, não me adaptar aos outros, ao mundo, devo ser eu e me amar e só assim serei feliz.
ResponderExcluirAlém disso, me identifiquei muito com a parte de parar com as distrações e buscar o que eu quero. E tbm, sempre falar a verdade pra mim mesma!
Muito boa reflexão, inclusive a questão sobre a necessidade de falar (no caso, escrever), mesmo sem vontade. Às vezes a gente precisa botar pra fora, admitir, por mais que estejamos sempre vontade.
Força ai!