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Mais Nietzsche, menos frustrações

Um orgasmo dura cinco segundos, uma enxaqueca, cinco horas. Isso explica muito coisa. Significa que no fim, a tristeza vence. No entanto, isso não significa que não existam outras formas de sentimentos que nos movam. Um exemplo disso, são as alegrias que temos com os encontros com o mundo. A cada novo encontro, um novo afeto. Entendendo afeto como a maneira que o mundo te transforma. Por exemplo: você viu uma foto, o fato de ter visto essa foto, foi o efeito, algo objetivo. Já o que você sentiu ao ver essa foto, é subjetivo, algo novo. 
O mais paradoxo disso tudo, é que essa mesma foto, pode nos produzir afetos diversos com o decorrer do tempo. O que te afetava de tal maneira, já não tem mais esse poder. Isso acontece porque somos seres em eterna mudança, e o que queremos hoje, queremos hoje. Não podemos transformar nada num ídolo. O que nos fazia feliz ontem, provavelmente não vai nos fazer feliz amanhã. 
E as frustrações? São afetos incompreendidos. Achamos que se alguém te ama, esse alguém te amará para sempre. Não é assim que as coisas acontecem, de jeito nenhum. Estamos numa eterna mudança. Aquela pessoa que tinha uma capacidade incrível de te alegrar  num passado não muito distante, se mostra com uma capacidade ímpar de te entristecer. 
O que mais pode te chocar nisso tudo, é que a culpa é sua. Você depositou todas as suas fixas naquela pessoa, naquela situação. E de um dia para o outro, essa pessoa mudou. O mundo dela já havia sido transformado e o seu ainda não. E ela resolve que o que havia, já não há mais. O presente dela, já não te inclui. 
Perceba que o seu presente, também não inclui essa pessoa. Entretanto, como você teve muitos momentos de alegria com essa pessoa, você trás de volta o seu passado, dos momentos em que viveu com essa pessoa, com essa situação. Você coloca essa pessoa numa tabela, e acha que ela vai te fazer feliz para sempre, se esquecendo que tudo muda. Até nossas células mudam, ininterruptamente. 
E o que Nietzsche tem a ver com isso tudo? Talvez, tudo. Ele nos diria que a vida existe no instante vivido, portanto, no presente. Qualquer tentativa de lembranças ou expectativas, se mostra ilusória e que não passa de um delírio da nossa mente. 
Nós somos movidos pela nossa vontade de potência, a energia que nos mantém vivos. Uma vez que sofremos, que nos entregamos à tristeza, estamos mais perto da morte. E uma vez que nos dispomos a viver cada instante de vida, cada momento como se fosse único, podemos nos alegrar, portanto, ganhar em vontade de potência, portanto, ganhamos em vida, ficamos mais alegres. 
Nietzsche também nos fala do eterno retorno. Basicamente, ele nos explica que só devemos fazer algo que gostássemos de fazer aquilo um número incontável de vezes. Se você já viveu um momento que daria tudo para repetir, sabe do que estou falando. 
Não se esqueça que o eterno retorno acontece hoje, o que você quer fazer um número ininterrupto de vezes, é o que você quer hoje. Tudo muda, inclusive os nossos desejos, as nossas pulsões. 
Reclame um pouco menos, espere um pouco menos, e ame um pouco mais. Aproveite o que você tem, hoje. Porque o passado, já não nos pertence. E o futuro, é mera consequência do que fazemos com o nosso presente. 
A vida tem que andar. 

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