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Os homens mais fortes são os mais solitários

René Magritte - La Reproduction Interdite

Muitas vezes, eu simplesmente sinto que a maioria das pessoas não vale a pena. Podemos dividi-las em três grupos: as que você quer estar sempre junto; as que você nunca quer estar junto e quanto mais longe melhor; e as pessoas que não fedem nem cheiram, a maioria dessa categoria são aquelas pessoas que estão na sua vida, mas se saíssem, não fariam a mínima falta.

Na primeira categoria, eu classifico apenas os meus amigos. Pessoas que toda vez que eu estou com elas, quero estar. São pessoas que geralmente têm pensamentos parecidos com os meus, querem mais ou menos as mesmas coisas que eu e rejeitam as mesmas coisas que eu. 

Quem diz que tem amigos com um pensamento completamente diferente do seu, cuidado, é um mentiroso bem intencionado. É apenas uma questão de observar a sua volta e perceber que o que une uma amizade, não são as diferenças, mas sim, as semelhanças. Ninguém tem um amigo que o considera insuportável.

Ressalvas devem e precisam ser feitas em relação aos familiares, afinal de contas, uma categoria de pessoas quase que sagrada para muitos. Considero-os como pessoas comuns e que também se encaixam em alguma das três categorias já anteriormente citadas.

Na segunda categoria, há aqueles que por alguma desavença, já não fazem mais parte da sua vida. Seja por brigas, por algum desentendimento, algum laço de confiança que foi quebrado, enfim. No geral, as pessoas que entram nessa categoria são as pessoas que nos causaram algum tipo de problema e o melhor caminho é evitá-las ou ignorá-las.

Todo mundo sabe ou deveria saber como é difícil de se conviver com alguém que tem o pensamento completamente diferente do seu. Somos levados a manter laços atávicos com pessoas que tem o pensamento parecido com o nosso. Desconfie daqueles que são "super a favor" da diversidade, são os menos abertos a pensamentos diferentes. É muito legal ser a favor da diversidade quando só se tem a volta pessoas com os mesmos pensamentos que os seus. 

Na terceira categoria, encontra-se a maioria das pessoas que estiveram, estavam e estarão na sua vida. São pessoas que pelo acaso do cotidiano, acabam fazendo parte da nossa vida por um determinado tempo, mas que passado esse tempo, não fazem ou não deveriam fazer a mínima falta. São ex-colegas de trabalho; ex-colegas de escola; ex-namorados; atendentes; pessoas que fizeram algum serviço para você, motoristas de ônibus, etc. 

São pessoas que apenas passaram pelas nossas vidas e que deveríamos tratá-las como tal, sem a mínima nostalgia ou ligação atávica. Todos os dias vivemos e convivemos com essas pessoas, seja por segundos, horas, dias, anos, décadas. É perfeitamente possível conviver por décadas com alguém e quando não mais conviver com essa pessoa, não sentir a mínima falta dela, como um colega de trabalho, por exemplo. 

Se eu fosse matematicalizar essas três categorias, diria que na primeira encontram-se entre 5 e 10% das pessoas que constituem a nossa vida; na segunda, outros 5 a 10%; e na última, algo em torno de 80 a 90%. 

Por si só, tais números deveriam ser extremamente apaziguadores para não mais nos preocuparmos com um número entre 80 e 90% das pessoas que fazem parte da nossa vida. Deveríamos nos preocupar com as pessoas que estão na nossa e que queremos que continuem estando ao invés de nos preocupar com os que já foram embora e que só estão de passagem ou dos que apenas queremos distância

Por fim, por que os homens mais fortes são os mais solitários? Por que são os que tiveram coragem para deixar de depender de qualquer pessoa além deles mesmos. Que fique claro, dependência emocional e atávica. Não dependência do padeiro, do atendente ou do motorista de ônibus. 

Esses homens são pessoas que entenderam a efemeridade das relações humanas e tiverem a coragem de ser o centro da própria vida e não deixaram que outras pessoas o fizessem. São homens que entendem o valor de uma amizade, mas quando não estão na presença de seus amigos, sabem e apreciam a sua própria companhia. São homens que não têm pés de barro. São homens sabem aproveitar as coisas enquanto as têm e que apreciam também quando essas coisas se vão. São homens fortes, são homens solitários. Os homens mais fortes são os mais solitários. 

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