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Os vinte reais

Certo dia, Levi resolve pedir vinte reais a Carlos, alegando que precisava comprar blusas para a escola, já que tinha voltado a estudar depois dos vinte anos e sem as blusas, não poderia frequentar as aulas, seria barrado na porta pela diretora. E então, vem o pedido:
- Carlos, você poderia me emprestar vinte reais? 
- Opa, para que?
- É que eu preciso comprar umas blusas para a escola, sem elas, a diretora já me disse que eu não entro. 
- Tudo bem, para quando você precisa?
- Pode ser para amanhã?
- Fechado, só me mandar uma mensagem que eu apareço. 
Se despediram e cada um foi para o seu canto. 
No dia seguinte, Levi marca com Carlos para que então, pudesse pegar o dinheiro. Apesar de ambos estarem na casa dos vintes anos, eram amigos desde a infância e Levi sabia que Carlos emprestaria o dinheiro sem problemas, mesmo sendo a primeira vez. 
Na hora aprazada, lá estavam os dois reunidos. 
Levi começa:
- Olha Carlos, assim que eu puder, te pago, é questão de honra. Semana que vem mesmo pode me cobrar que eu pago! Eu pago, sem falta! 
- Tudo bem Levi, você é um cara de confiança, sei que vai me pagar. 
O que Carlos não sabia ainda, é que Levi não tinha a menor intenção de pagar. Não sendo detentor de tal informação, emprestou o dinheiro. 
- Muito obrigado meu amigo, assim que possível eu te pago, pode ter certeza! Pode me cobrar!
Se despediram como bons amigos, e cada um foi para seu canto. 
Passado um mês, Carlos resolve cobrar, pela primeira vez pelo seu dinheiro. Durante todo esse tempo, Levi se fez de esquecido em relação ao pagamento da dívida. 
- E aí Levi, quando vai me pagar?
- Semana que vem, sem falta, semana que vem!
Carlos começara a desconfiar das reais intenções de Levi em relação ao pagamento. 
Passados três meses, Carlos volta a cobrar Levi, e esse, mais uma vez sai pela tangente, sem o menor pudor. Já agia de má fé. Um verdadeiro mau caráter. 
Mais quinze dias depois, após nova cobrança, essa sendo realizada numa segunda-feira, Levi diz que sábado seria o dia em que pagaria a dívida. 
Sábado passa, domingo, segunda, terça...
Até que quarta, Levi posta fotos de uma viagem na sua rede social, Carlos fica impressionado com o mau caráter e com a cara de pau de seu pseudo amigo. "Se não tem vinte reais para me pagar, como pode fazer viagens?!". Pensava ele. 
Sexta-feira, Carlos manda mais uma mensagem para Levi:
- Parece que esse pagamento nunca sai hein...
Dessa vez, Levi nem se quer se dá ao trabalho de responder. 
Carlos então resolve excluí-lo de todos lugares possíveis que teriam contato. Resolveu cortar o mal pela raiz, não se importaria mais com aquela situação. 
Sábado à noite, Carlos está no ponto de ônibus e vê Levi vindo na direção oposta, chega bem perto e nem sequer olha na cara de Carlos, simplesmente passou, algo que nunca tinha acontecido em anos de amizade. 
No domingo de manhã, quando virada a esquina, quase se esbararam, no entanto, Levi fez questão de dar nem olhos nos olhos de Carlos. Aquilo foi um golpe duríssimo, Carlos pensava no mal que tinha feito ao emprestar aquele dinheiro e resolveu dar um basta naquela situação. 
Já que eram vizinhos, resolveu ficar parado na porta da vila de Levi, e assim que ele saísse, teria uma surpresa. Passaram-se duas horas até que Levi finalmente abriu o portão da vila. Carlos então, puxa o revólver que estava na sua cintura e dá um tiro na cabeça de Levi, e outro na direção do bolso da perna direita. Um tiro para cada dez reais. No fim, joga um nota de vinte reais no rosto de Levi e diz:
- Espero que cubra o enterro. 

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