Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
Que poema lindo! Fico sem palavras com
o talento e a simplicidade do Mário Quintana. Fica difícil até de comentar
alguma coisa acerca de tal bela poesia. Mas, vou tentar.
Quintana começa falando sobre
"estes que aí estão". Quem são estes? Bom, no primeiro verso é
impossível de saber. No entanto, indo para o segundo verso, vemos que
"estes que aí estão" são coisas que atravancam o caminho do poeta. E
o que, na nossa vida que atravanca os nossos caminhos? Muitas coisas, sejam
problemas, decepções, desilusões, expectativas criadas sobre algo que na
verdade não existia, enfim, tudo de ruim que nos atormenta. Seguindo, já no
terceiro verso, Mário nos diz que esses problemas passarão, ou seja, os
problemas que aí estão, irão embora, cedo ou tarde. No último verso, ele nos
brinda com uma ideia abstrata. Transforma o verbo "passar" em
passarinho, ou seja, num substantivo comum. Mas, no texto, a ideia não é essa,
o passarinho significa a liberdade.
Quintana quis nos alertar sobre os
problemas da vida e como devemos enfrentá-los. Não é bobo ao ponto de negá-los,
pelo contrário, diz que eles aí estão. Entretanto, sabe que esses problemas não
são eternos, que eles passarão. E no fim das contas, ele passarinho! Portanto,
ele será livre, voará para bem longe desses problemas, ficará novamente em paz,
num lugar tranquilo, com asas que voam sem destino. É incrível ver tanta
simplicidade e tanta genialidade num poema tão curto, mas tão esclarecedor. Às
vezes, o mais complexo está na simplicidade das coisas. Os problemas passarão,
e eu? Passarinho!
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