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Mostrando postagens de junho, 2019

A vida é o que é

Às vezes você está apenas cansado, simples assim, como piscar os olhos. As coisas vão se repetindo numa espécie de loop infinito, é o eterno retorno de Nietzsche, diriam alguns. Você olha ao redor e faz a pergunta mais temida de todas: "o que é que eu estou fazendo aqui?" Não é que as coisas não fazem sentido, é que você não consegue ver sentido nelas . Perder a capacidade de se decepcionar é, ao mesmo tempo, de uma tristeza profunda e de uma liberdade infinita. É triste porque você abre mão de ter esperança; é libertador porque você sabe que não tem jeito. Você pode escolher se estressar infinitamente com alguém babaca, mas também pode aceitar que essa pessoa é assim e que não mudará. Aceitar e entender que "fulano é assim, o que mais você quer, não dá para esperar nada de diferente dele" ou, simplesmente: "é isso aí." Há dois caminhos: um liberta; o outro, aprisiona.  Queremos que as pessoas mudem porque nos importamos com elas. Importar-se no s

Dialogando comigo mesmo

E eis que você resolve escrever. Antes de colocar o lápis (lapiseira) na mão, sempre me vem à cabeça aquele pensamento se devo ou não escrever naquele momento. A decisão, no entanto, tem sido pela escrita. Dando continuidade a um de meus últimos textos, percebi que escrever é a melhor maneira de dialogar comigo mesmo, nada organiza tão bem meus pensamentos como um lápis, uma folha de papel e uma ideia a borbulhar. Quando você percebe que é o próprio ato de escrever que lhe deixa motivado para escrever, tudo muda. Não é sobre estar motivado, é sobre escrever. Escrever como forma de motivação. A maturidade vem de um longo e árduo processo que exige, sobretudo, uma dose ímpar de humildade. Para amadurecer, antes de tudo, é necessário que haja muita autorreflexão. É olhar no espelho e não ver um rosto, mas a alma. É, antes de pensar em qualquer qualidade, pensar em um defeito. É ser capaz de enxergar algo positivo em quem só transmite negatividade. É achar uma garrafa vazia boiando e

A realidade é muito mais legal

Atualmente, observar as pessoas em qualquer lugar público pode ser, ao mesmo tempo: estranho, esquisito e até mesmo assustador. Hoje, o mundo é cada mundo, cada um no seu próprio mundo. Pessoas vivendo dentro de uma tela porque não conseguem mais viver o presente, viver o momento. Fugir da realidade é a nova realidade. O presente virou a mensagem que está para chegar, e como ainda não chegou, ficamos presos em um universo virtual de fatos que ainda estão para acontecer. O futuro virou o novo presente. Hoje, estar presente no mundo virtual é abdicar do mundo real.  Aquele sorriso lindo não pode mais ser visto, você estava ocupado demais olhando o feed de notícias. A flor, o girassol, o coração, a âncora e o fusquinha foram todos ofuscados por algumas polegadas e um pouquinho de radiação. Os cinco sentidos foram substituídos por um sexto: o sentido virtual, seria a virtualização?  As oportunidades são como um ônibus: para que ele pare, você precisa tomar uma atitude, precisa faz

Escrever para refletir

Nestes últimos dias, ouvi que para ter uma opinião sobre algo, antes de tudo, é necessário que se escreva sobre o objeto a ser opinado. Sendo assim, quando não paramos para escrever sobre o que queremos ter uma opinião, o que nos resta são pensamentos soltos, muitas vezes desconexos e, no geral, apenas repetimos frases prontas, senso comum. Vale a reflexão: só se reflete ao escrever. Escrever é aprofundar-se nos pensamentos que outrora estavam separados, desconexos, soltos. É juntar os retalhos para fazer a colcha. A escrita, no entanto, não é o objeto de reflexão de hoje; gostaria de refletir sobre a vida. Vale ressaltar que não há melhor forma para refletir senão escrever. Não se reflete sobre a vida na cama, antes de dormir; no máximo, se pensa sobre a vida. Refletir, portanto, é uma forma aprofundada de pensar, ou melhor: refletir é pensar com o lápis na mão. Até mesmo Sócrates e Jesus Cristo, que passaram seus ensinamentos oralmente, só influenciam até hoje a civilização