Nestes últimos dias, ouvi que para ter uma opinião sobre
algo, antes de tudo, é necessário que se escreva sobre o objeto a ser opinado.
Sendo assim, quando não paramos para escrever sobre o que queremos ter uma
opinião, o que nos resta são pensamentos soltos, muitas vezes desconexos e, no
geral, apenas repetimos frases prontas, senso comum. Vale a reflexão: só se
reflete ao escrever. Escrever é aprofundar-se nos pensamentos que outrora
estavam separados, desconexos, soltos. É juntar os retalhos para fazer a
colcha.
A escrita, no entanto, não é o objeto de reflexão de hoje;
gostaria de refletir sobre a vida. Vale ressaltar que não há melhor forma para
refletir senão escrever. Não se reflete sobre a vida na cama, antes de dormir;
no máximo, se pensa sobre a vida. Refletir, portanto, é uma forma aprofundada
de pensar, ou melhor: refletir é pensar com o lápis na mão.
Até mesmo Sócrates e Jesus Cristo, que passaram seus
ensinamentos oralmente, só influenciam até hoje a civilização ocidental porque
seus discípulos tiveram o empenho necessário para colocar no papel os
pensamentos de seus mestres. Escrever é uma forma de perpetuar pensamentos e,
mesmo quando não é o mestre que coloca a mão na massa para escrever, alguém,
seja um discípulo ou um estudioso, tem que assumir a responsabilidade e fazer.
A importância de se pensar com o lápis na mão é tamanha que
raramente chamamos de pensador alguém que não escreve. Escrever é uma atividade
intrínseca de um pensador. Pensadores só se tornaram pensadores, conseguindo,
assim, perpetuar seus pensamentos, porque escreviam. Não é à toa que a
sabedoria popular diz que as palavras são levadas pelo vento. Podemos dizer,
portanto, que as palavras são reunidas pela escrita. O que a fala deixa livre,
a escrita reúne.
Por fim, gostaria de pedir-lhe para, de fato, escrever. Não
deixe que seus pensamentos fiquem soltos em sua mente, organize-os. Por mais
banais que você ache que possam parecer, não deixe de organizá-los. Escrever é
uma excelente forma de dialogar consigo mesmo e de desabafar sobre os mais
variados assuntos e sentimentos. Escreva, sobretudo, em momentos de dor.
Transforme momentos de dificuldade em palavras. Seja o seu melhor conselheiro.
Dialogue consigo mesmo. Tenha sempre uma folha de papel e um lápis na mão. Seja
livre ao aprisionar as palavras.
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