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Mostrando postagens de junho, 2016

Gatos de padaria

Sei lá. Às vezes bate uma nostalgia do que já vivi. Às vezes, assim como estou agora. Sentado, pensando, pensativo. Pensando nos meus pensamentos. Me vendo de fora, fora de mim. Bebo um pouco de vodka com suco de caju, ao som de Miles Davis. Sou um mistura de emoções. Metade de mim é loucura, a outra é nostalgia. É sábado, por volta das onze da noite. Eu deveria ir beber. Deveria ver o mundo, ver as pessoas. Ás vezes amo o mundo, outras o odeio. Vai saber qual é o limite das coisas. Talvez nada tenha limite. Limite serve para te travar. Te deixar parado. Não deveria escrever nessas condições, isso dever estar ficando sem nexo. Mas não quero saber do nexo. Quero bater até sangrar. Preciso me comunicar, senão enlouqueço.  O dia não começou muito bem. Logo de manhã um vizinho veio aqui e bateu na porta do apartamento. Nem ao menos se deu ao trabalho de tocar a campainha. Disse que o meu gato trepou com a gata dele. Eu disse que não era minha culpa, que os gatos não sabem o que fazem,

Saudade

Pois é, meus leitores. Saudade. Sentimento completamente inútil e evitável, infelizmente. Eu adoraria dizer que sentir saudade é algo bom, algo que me motivasse. Mas a saudade não é algo bom. Saudade é viver num mundo covarde, num mundo sem lugar no mundo.  Quando sentimos saudade de alguém, de alguma coisa, ou de alguma situação, estamos recorrendo a um tempo que não existe no mundo, a um tempo que só existe na nossa cabeça. Recorrer a esse sentimento é uma forma de escape, na maioria das vezes. Como não conseguimos encarar o nosso presente, preferimos recorrer ao passado. Já parou para pensar que você não controla o seu pensamento? Não? Então deveria. Pensamento é coisa de corpo, não de mente. Corpo e mente são um só. O que você pensa tem a ver com o que você sente. Não controlamos os nossos pensamentos da mesma maneira que não controlamos as batidas do nosso coração, os nossos movimentos respiratórios e assim por diante.  Somos meros reféns das nossas sensações, e se de algum

Poeminha do contra - Mário Quintana

Todos estes que aí estão Atravancando o meu caminho, Eles passarão. Eu passarinho! Que poema lindo! Fico sem palavras com o talento e a simplicidade do Mário Quintana. Fica difícil até de comentar alguma coisa acerca de tal bela poesia. Mas, vou tentar. Quintana começa falando sobre "estes que aí estão". Quem são estes? Bom, no primeiro verso é impossível de saber. No entanto, indo para o segundo verso, vemos que "estes que aí estão" são coisas que atravancam o caminho do poeta. E o que, na nossa vida que atravanca os nossos caminhos? Muitas coisas, sejam problemas, decepções, desilusões, expectativas criadas sobre algo que na verdade não existia, enfim, tudo de ruim que nos atormenta. Seguindo, já no terceiro verso, Mário nos diz que esses problemas passarão, ou seja, os problemas que aí estão, irão embora, cedo ou tarde. No último verso, ele nos brinda com uma ideia abstrata. Transforma o verbo "passar" em passarinho, ou seja, num substantiv