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Mostrando postagens de agosto, 2016

Curvas

Ao sombrio brilho dos teus olhos Vejo uma sombra envenenada Vejo o vento que balança o teu cabelo E sua pele fina, toda maquiada As tuas pernas brancas Que tanto me fizeram feliz Hoje não passam de pensamentos  De um eterno aprendiz Tua boca doce Sempre com um insidioso batom vermelho Escondia a tua língua quente E um breve e caloroso desejo Tive que te matar para não morrer Tive que ver sombras onde fazia sol Tive que sorrir para não sofrer Tive que ser o mais esperto dos peixes Para não cair no teu anzol

Um pouco sobre a tal da solidão

E daí ficar em casa num sábado à noite? E daí ver casais felizes na rua e ter uma vaga lembrança daquela pessoa especial? E daí perceber que a sua solidão não pode ser compartilhada? E daí se você perceber que apesar de todos tentarem te ajudar, no fim das contas, é você que toma a decisão final? Eu queria me salvar, quis fazer isso por um bom tempo. Ainda faço. Mas a pergunta que me vem é: me salvar de que? De quem? Do que? O tempo passa e você acaba percebendo que mesmo estando entre mil pessoas, está sozinho. Sozinho. Atualmente ficamos tanto tempo na internet porque não conseguimos suportar a vida que temos. Temos os piores vícios. Não temos mais motivos para sorrir de verdade. Somos carentes, sempre achamos que precisamos de alguém. Achamos que quando tivermos aquela pessoa especial aparecer, tudo vai mudar, de repente. Mas não nos damos conta que somos essa pessoa especial.  Auto ajuda não faz meu estilo. Não quero dizer "vamos lá campeão, você consegue,

Um poema e uma obra de arte

Sou um poeta medíocre Observando as pessoas pela rua Elas caminham, com seus sorrisos falsos Em meio a toda multidão Vejo uma pessoa completamente desconectada Parecendo não saber que sabia Parecia única, mesmo entre uma multidão Às vezes me vejo vendo pessoas E outras vezes, pessoas me veem Como vou saber, se vejo ou se me veem? Quem dá as regras? Ando e sei que me seguem Sei que sigo Mas por entre os olhos daqueles que não veem Pouca coisa resta Nada resta Nesse mundo feito por porcos O melhor remédio é se ocupar Não abrir os olhos para um mundo que não te quer Não sucumbir a amores falsos A empregos falsos, a falsidade Se o que você te tem, te tem, tem alguma coisa errada Fume um cigarro, beba uma cerveja Procure alguém, dê um beijo de dez minutos Na dúvida, vá em frente Vale a pena Sobretudo, faça da sua vida, uma grande obra de arte Onde você é o artista E a sua vida é o quadro Pegue o pincel, comece a pintar Se acabar a tinta, peça mais a alg

Aparições

Merda Ela apareceu Musa, sempre musa Distante, te enxergo Eu, que dou conselhos Sou o pior conselheiro que posso ter Me pego Ao escuro ardente de mais uma madrugada  Olhando os quadros inquietos nas paredes Que apesar de cheios, não têm nada Observo Os cálidos pensamentos que tenho Suas repentinas aparições  E não sei se é loucura Ou fixação 

Um poema de Marcelo Rubens Paiva

Tento, mas você se afasta…  te abraço, você quer, mas depois se afasta… te quero, você quer, mas depois se afasta… e nem o azul-piscina escondia como você é, a coisa mais maravilhosa que já vi, e quanto mais eu tentava, mais você fugia, até… Marcelo Rubens Paiva Ainda decoro esse poema, recito-o e aí, não vai ter jeito, mesmo tentando, você não se afastará. 

Vou apertar, mas não vou acender agora

Dois maconheiros já chapados estavam num trem vazio, em pé em frente à porta queriam arrumar algum jeito de fumar lá dentro, mesmo sabendo que não estavam sozinhos. “Você acha que é uma boa ideia?” “HAHAHAHA! Eu acho que tudo é uma boa ideia!” “Ih, olha o cara aí, tá fumadão já!” “Fumadão nada aí, a graça da coisa é aproveitar a paisagem. Olha lá a favela, que coisa bonita!” “Cara, você não tá bem não.” “Eu tô ótimo!” “Mas e aí, cadê o baseado.” “Tava contigo, lembra não?” “Eu não, de uns tempos pra cá, minha memória não tá funcionando direito não.” “Tá vendo, depois eu que tô chapado aí, mó doideira essa vida. O baseado tá contigo sim, procura aí nos bolsos e na carteira.” “Vou procurar.” Com muita dificuldade, o maconheiro que estava com o baseado, consegue achar e fala com o amigo. “O Marquinho, bem que tu falou aí, o baseado tava aqui mesmo! Eu nem me lembrava, onde que tava com a cabeça hein?” “HAHAHA! Te falei, compra uns dez Torcidas aí pra nós cara,

Peixe fora d'água

Peixe, fora d'água Procurando uma solução  Para um problema não encontrado  Procurando diversão  Para afundar num rio frustrado  Procurando apego Para se apegar num mundo desapegado  Procurando vida  Para poder procurar a morte  Procurando a morte  Para não ter que morrer, dia após dia  Procurando a sinfonia perfeita  Para dançar e apreciar  Procurando o abismo  Para se jogar  Para nunca mais  Precisar de uma vida fugaz 

Inúteis

Relações que não relacionam  Problemas que não solucionam  Vidas que não vivem  Olhos que não enxergam  Ouvidos que não ouvem  Fatos que não acontecem  Televisões que não alienam  Pernas que não andam  Ladrões que não roubam  Assasssinos que não matam  Términos que não machucam  Fim que não terminam  Aonde vamos parar? 

Sorriso falso

"Quem você quer enganar com esse sorriso falso?" "Não quero enganar ninguém." "Eu te conheço. Nem olha nos meus olhos quando está mentindo." "Mas não dei um sorriso falso, foi timidez."  "Você não é uma pessoa tímida." "Todo mundo é tímido de vez em quando." "As pessoas tímidas não precisam de sorrisos falsos. Elas simplesmente ignoram os  olhares." "Eu só queria evitar brigas."  "Me conta logo o que aconteceu." "Ainda penso nela."  "Você só pode estar brincando comigo. Já estamos juntos há três meses." "Eu disse que era melhor não entrar nesse assunto, só causa problemas." "Por que não me contou antes?" "Porque sou covarde."  "Eu quero fazer dar certo." "Eu também."  Se beijaram. 

Expectador

Os meus pensamentos tomam conta de mim. Sou um mero expectador da lanterna que ilumina a garrafa perdida num oceano de maremotos que é o meu inconsciente. A mim não me preocupa questionar o inquestionável e nem duvidar do indubitável.  Estou condenado a ser livre. Mas se sou condenado a ser livre, ainda existe liberdade? Quero me libertar da sombra insidiosa que paira sobre a minha cabeça. Quero subir a montanha e ver o sol, iluminando levemente os meus pés, para que eu possa dançar. 

Ilha

Ilha, se afundando num oceano de maremotos Hoje, ontem, amanhã  Agora, antes, depois  Vejo a ilha, bem distante  E a vejo bem próxima  Tenho medo que afunde, ilha  Ontem estavas completamente alagada Selvagens são as águas que te cercam Águas intensas, profundas e mórbidas  Verdadeiro só o sol que te ilumina E tens a falsidade por todos os lados Me dói te ver assim  E sei que nada posso fazer para te salvar 

Engano

E nessa de me enganar Me engano sem querer Ainda não quero acreditar Que no fim, perdi você Não vou me lamentar Por coisas que já passaram E já não adianta falar Sobre palavras que se entalaram Devo fazer o que deve ser feito Viver de acordo com as minhas paixões Saber que nada é perfeito E que o importante da vida são as decisões

Quando se quer

Eu quero bater Quero bater até sangrar Quero andar pela rua E jogar meus escritos ao mar Sou um sem valor Que se valoriza Que se dramatiza Sabendo o que é dor Talvez eu queira amar Ficar perdido Ficar aturdido Tentando não afundar E quando afundar Não quero mãos Não quero gritos Eu só quero acordar