Obs: essa crônica foi escrita em 29/10/2014, acredito que nesse meio tempo meu estilo mudou bastante, sobretudo no quesito palavrões, no entanto, ainda é apreciável. Boa leitura.
Renata, de dia.
Paula, de noite. Esses eram os nomes da nossa puta, caro leitor. E na
identidade, era Jussara. Uma mulher dada, que não dava por dinheiro, não dava
por cobiça. Dava por dar, era uma mulher fácil. Tão fácil que até o Zequinha já
comeu. Mas em breve eu falo do Zequinha, adianto que ele é um Zé ninguém na
nossa querida história. Durante a história, vou chamar a nossa puta por vários
nomes, relativo às horas daquele dia. Por exemplo, se for de dia, a chamo de
Renata mesmo, se for à noite, de Paula.
Ela passeava pela
calçada, era uma calçada imunda, com muitos buracos e cheia de lixo. Eram esses
os lugares que Renata costumava andar pela cidade. Não tinha um pingo de
classe, não procurava algo de bom, não queria saber de evoluir na vida. O que
vinha para ela era lucro.
Naquele dia em
particular, ela usava vermelho. Aquele vermelho bem provocante que arrepia só
de olhar. Ela sabia disso como ninguém, e ainda por cima, estava no cio. Já
eram quinze dias sem sexo, que devido a uma promessa, ela fez questão de
cumprir e seguro o fogo na xoxota.
Os homens a olhavam
passar, não era bonita, era como os homens dizem “comível”, mas ainda assim
chamava atenção. Seja pelo seu batom vermelho, seja pelo enorme salto
plataforma, pela calcinha fio dental ou pelo vestido curto, que fazia questão
de usar.
Não era nada vaidosa,
não gostava de se cuidar. Raspava-se, para não feder. Não gostava de ser
mulher, dizia que se fosse homem, seria o pegador. Um 007 fugido das telas.
Pena, nasceu mulher. Sobrou-lhe ser dada.
Numa dessas idas e
vindas que a vida nos proporciona, encontrou Zequinha, aquele mesmo, que citei
no começo da historia. Quando isso aconteceu, ele estava bêbado, assim como
Paula. Era num bar, mais ou menos às duas da manhã. Zequinha era um cara de
meia idade, pelos seus 45 anos, e por sinal, não comia ninguém há cinco.
Zequinha estava com
medo de puxar assunto com Paula, mas como estava bêbado, pensou: para trás, nem
para pegar impulso!
E assim ele criou
coragem para falar com Paula:
- Não é sempre que eu
vejo uma mulher tão mal arrumada! Como você consegue?
-Quem você acha que é
para falar comigo desse jeito?
- Não sou ninguém, é
que às vezes a solidão vem, sabe?
- Não consigo de
entender. Por que diabos veio falar comigo? Eu estava longe de você aqui no
bar. Você podia ter falado com qualquer uma aqui. Isso é o que? Por que eu?
- Vou ser sincero
contigo.
- Tudo bem, estou
esperando.
- Olha, é o seguinte,
eu já estou meio bêbado. Mas mesmo eu bêbado não curto passar vergonha não,
sacou? Sou um bêbado, mas um bêbado honrado!
- Cara, do que você
tá falando? Não estou entendendo mais nada!
- Ih, não esquenta a
cabeça não! A bebida entra, a verdade sai.
- Tanto faz, quando
vai começar a falar a que veio?
- A verdade é que eu
queria te dar uma furada aí, se ligou na parada?
- Me liguei, me
liguei.
- Então, o que me
diz?
- Eu não sei, pelo
menos me pague uma bebida né! Aí podemos conversar.
- Tudo bem
Depois disso,
Zequinha se vira e fala para o garçom e diz:
- Aí brother, me trás um Jack, isso mesmo!
Aquele bem caro, o mais caro que tiver!
O garçom deu uma
pequena risada disfarçada, e logo levou o Jack do Zequinha. Agora sentados numa
mesa, Zequinha e Paula continuavam a conversa. Ele diz:
- Até que eu gosto
desse bar, me dá aquela sensação de nostalgia, sabe qual é?
- Sei sim, claro que
sei.
- Até que você é
bonitinha. Mas parece que beija mal.
- Olha cara, você é muito
rápido, tá na seca?
- Que nada, sempre
estou curtindo a vida por aí! A última foi semana passada! (sabemos da verdade,
caro leitor).
- Entendi, e como era
a moça? Quero detalhes, muitos detalhes!
- Ah.... ela era....
loirinha... tinha um corpinho maravilhoso, cabelo mais ou menos no ombro...
um sorriso encantador, dentes branquinhos aí!
- Deixa de frescura, cara! Quero saber da boceta dela!
- Oh, por que da
boceta? Você é mulher.
- Foda-se, também
tenho uma. Quero saber da dela. Agora!
- Era apertada, quase
sem pelo, ela cortava tudo.
- Limpa?
- Claro! Limpinha,
ótima!
- Boa de meter?
- Até que você faz umas
perguntas bem estranhas pra uma mulher,
não acha?
- Quero ver até onde
você aguenta.
- Isso é um teste?
- Não, isso é uma
prova. Vale minha boceta.
- Acho justo.
- Então, me diga, não
fuja do assunto, era boa de meter?
- Era, muito boa por
sinal. Uma das melhores.
- Como ela gemia?
- Gemia baixinho, mas
fazia caras e bocas. Era excitante.
- Você não tá me
convencendo, está fraquinho. Falando uma porrada de merda.
- Estou falando o que
aconteceu!
- Tá, vou tentar de
novo, não me decepcione.... Como era a boceta dela?
- Certo, vou dar o meu
melhor agora. Era uma coisa quente, muito quente, fervia. Tinha vontade de dar,
um fogo incontrolável. Era lisinha, sem pelo nenhum, muito bem depilada por
sinal. Foi uma ótima boceta.
- Melhorou.
- É meio difícil
falar disso quando se está bêbado. Mas o que te faz querer saber desses
detalhes? Não consigo entender.
- É um teste que
faço, com todos. Eles nunca estão preparados para esse tipo de pergunta, e
então eu faço, eles ficam perdidos, fogem de mim.
- Mas eu estou bêbado.
Será que se eu tivesse sóbrio também não iria fugir de você?
- Não iria não. Os
bêbados são sempre os primeiros a fugir.
- Como você sabe?
- Muito tempo de bar.
- Você agora está me
enrolando. Quero te levar lá em casa, te mostrar meu aquário de peixes
dourados.
- Vai me dizer que um
burro velho desse tem um aquário com peixinhos dourados?! Não pode ser.
- É, eu não tenho.
- Então por que disse
que tinha?
- Nenhum homem
conquista uma mulher sendo sincero.
- Muito bem.
- Muito bem o que?
- Você passou no teste,
vou te dar.
- É disso que o povo
gosta!
E assim Renata e
Zequinha saíram do bar, já era de manhã. Zequinha que estava muito bêbado,
conseguiu dirigir seu Fusca até em casa. Mas não teve forças e nem energia para
comer Renata.
Renata, que também
estava bêbada, dormiu na casa de Zequinha, e assim que ele acordou, já de pau
duro, comeu Renata. Ela, gemeu.
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