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Reflexões sobre O Poço

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Desde que comecei a assistir a séries e filmes, tenho o costume de não assistir aos que estão na moda. Não sei, na maioria dos casos, simplesmente não me atraem. Além de procurar ser bastante seletivo, também costumo esperar o
boom passar para assistir ao filme. O que acaba sendo um pouco contraditório, tendo em vista que perco o momento no qual todos estão discutindo sobre o filme ou a série.

Na última quinta-feira, no entanto, uma pessoa de quem gosto muito me perguntou se eu já tinha assistido ao filme O Poço. Disse que queria saber a minha opinião sobre o filme. Confesso que antes de ela falar, eu nunca tinha nem ao menos ouvido falar sobre o filme. Os dias foram passando e hoje, domingo, resolvi baixar o filme para, enfim, assisti-lo.

Para que não tivesse a minha opinião sobre o filme influenciada por nenhuma outra, fiz questão de não ler nenhuma crítica, nem antes nem depois de assistir ao filme. Recomendo aos que ainda não assistiram ao filme e que ligam para spoilers que parem por aqui, pois não há como se aprofundar no conteúdo do filme sem contar partes do que acontece.

Imagine-se em uma prisão em que só há uma cela por andar e dois presos por cela. Esta é bastante espaçosa, tão espaçosa que há um grande buraco no meio. Diariamente, uma espécie de mesa/plataforma gigante para nesse buraco para que os presos possam se alimentar. No entanto, eles têm apenas alguns segundos para comer e não podem guardar nenhum alimento para depois.

De mês em mês, os presos são movidos aleatoriamente para outro andar. Quanto mais acima, mais comida há para os presos comerem. Os presos do andar de baixo dependem do que os do andar acima fizerem. Na teoria, se todos comessem apenas o necessário, todos da prisão conseguiriam se alimentar. Entretanto, nunca chega comida para os últimos andares.

No começo do filme, um homem de meia idade cai em uma cela com um idoso. Este, já há dez meses na prisão, estava totalmente corrompido pelo o sistema da cadeia e dá algumas dicas para o novato, ainda cheio de ilusões. Os dias passam e o homem de meia idade, para conseguir sobreviver, começa a se corromper também.

Com o passar do tempo, a proposta do filme fica bastante clara: os de cima não costumam ligar para os de baixo, afinal de contas, estão acima destes, simples assim. Quanto mais acima, menos tendem a se preocupar com os de baixo. Esperar que os de cima se importassem com os de baixo acaba se mostrando uma doce ilusão, como têm o seu garantido, os de baixo que se virem para garantir o deles também. Contudo, quanto mais abaixo, menos sobra.

O filme revela o caráter egoísta do ser humano: mesmo vivendo em um sistema teoricamente perfeito, consegue estragar tudo. Antes de cogitar pensar no próximo, o ser humano já pensou mil vezes em si próprio. Já dizia o ditado: “Faria pouca, meu pirão primeiro.” Ou seria melhor um “salve-se quem puder”?

Embora O Poço tenha algumas possíveis chaves de leitura, optei por abordar a questão do egoísmo e de como pensar só em si pode gerar inúmeros problemas aos que estão no andar de baixo. Como vivemos em uma sociedade egoísta e que poderia já estar muito mais avançada, acabamos dependendo de alguns poucos heroicos que muitas vezes deixam a sua própria vida em segundo plano para fazer com que a humanidade siga em frente.

Portanto, ao mesmo tempo em que precisamos pensar em nós mesmos, nem que seja por uma mera questão de sobrevivência, também precisamos nos lembrar de que há alguém no andar de baixo. A raça humana só conseguiu sobreviver em meio a tantos predadores porque agiu coletivamente para que todos os indivíduos conseguissem se salvar.

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